Thursday, August 28, 2014

Capitulo 1

O quarto não era tão de época quanto tinha visto no filme do Capitão América em 2013 (como é estranho lembrar dessas coisas). Não tinha toda o estilo de decoração atual, com coisas familiares para uma pessoa de 2015, mas não escondia o fato de ser um lugar diferente. Afinal ela sabia o que tinha feito mas não saberia o que encontrar, nem que iria acordar.

Eu estava sentado em uma poltrona de couro, ansioso, sabendo que ela iria de fato acordar a qualquer momento e eu teria a minha primeira "aluna". A segurança da tecnologia ajudava, embora ninguém pudesse prever como seria a reação dela, apesar de toda a preparação envolvida. Isso já não era um simples serviço, um contrato que estava sendo honrado mesmo com o fato de que ninguém reclamaria se não fosse.

Ela começou a se mexer e eu também. Até então estava só olhando fixamente para seus olhos fechados. Claro que tinha reparado em tudo: ela era linda, com um corpo que agradaria a qualquer um em qualquer época, mas isso realmente não me interessava naquele momento. A calça jeans não muito justa e a camiseta branca que estava usando foram cuidadosamente escolhidas, por ser a escolha casual mais usada por ela, segundo as pesquisas.

Agora não tinha volta, ela abriu os olhos. Eu podia ver suas pupilas se ajustando ao ambiente. Isso seria intenso. Eu sabia muito bem, pois já estive do outro lado.

- Bom dia Ana - consegui deixar o tom de voz como queria.

- Aaahn... Bom dia - ela não falou mais nada. Só ficou olhando.

- Meu nome é Jesse, você sabe onde está?

- Aaaaahn... Morta? - com um misto de perplexidade e aquele humor que levanta só o cantinho da boca.

- Você lembra que contratou uma empresa pra esse tipo de situação?

- Putz!! - era como se o rosto dela explodisse - Eu... Eu... Tá brincando! Nããão... Eu tava no hospital depois do acidente e... - ela se sentou na cama - mas eu me sinto bem! Os... os médicos falaram que eu não ia... Nãão... Sério? Péra. Eu... Eu mor...

- Infelizmente sim Ana, agora você tem que se controlar, porque tem muita coisa... - ela interrompeu:

- Cadê meus pais? - seus olhos ficaram turvos e estavam se movimentando furiosamente de um lado para o outro, dando uma pequena mostra do turbilhão em sua cabeça.

- Tem muita coisa pra você assimilar e eu estou aqui pra te acompanhar nesse momento. Você não está sozinha e tem mui... - interrompe de novo com a cara fechada:

- Não tô sozinha?!! Puta que pariu, como não pensei nisso?! Não tem ninguém aqui comigo! Que merda! Por que fui fazer isso? - ela se levantou e oscilava entre olhar para o infinito e alguns olhares focados no ambiente, tentando entender a situação e o que tinha à sua volta. - E agora, hein? Que que eu devo fazer? Você vai me falar que eu tenho "uma vida inteira pela frente" e "um mundo de oportunidades", né? Vai se fuder!

- Ana, por que você contratou o serviço de criogenia? O que você esperava alcançar?

- Aff, exatamente isso!... Merda! Mas, acho que não pensei nessa parte, nessa solidão. Minha família... meus amigos... até meus conhecidos, eu... - olhando para todos os lados. E se sentou na cama de novo, olhando para o chão.

- Por que não se senta aqui à mesa comigo, come alguma coisa, eu vou te explicar alguns aspectos da situação e do que temos em mente para sua adaptação, e você pode me perguntar o que quiser. Mas você tem que tentar ter calma, pois é muita coisa. Eu se como é. Eu vim do mesmo lugar.

Ela levantou a cabeça e me olhou fixamente pela primeira vez. - Como? Aahn... que lugar?

- Do passado. Eu também morri em 2015.

Wednesday, August 27, 2014

Sinopse

O objetivo da criogenia foi alcançado. Pessoas estão acordando no futuro e descobrindo as vantagens e dificuldades de aproveitar mais a vida.